Sopa de Pedra | Matheus Rocha Pitta

A Fundação Iberê Camargo procurou o JUSTO para receber a ação “Sopa de Pedra” do artista Matheus Rocha Pitta.

A lenda em torno da sopa de pedra, transmitida oralmente de geração a geração, e assumindo novas formas em diversas culturas através dos tempos, ganhou corpo na escultura de Matheus – escultura social, de pedra sabão, de homens e mulheres participando em uma performance coletiva sobre a fome, a história oral e a solidariedade. Matheus Rocha Pitta servirá sua própria receita da sopa de pedra, agregando os múltiplos públicos que habitam o entorno da Borges.

A Vanessa Gasparini fez o registro no dia. Confere aí.

 






Existem muitas versões para a “sopa de pedra”. Comum a todas é o tema do estrangeiro (em algumas versões um monge, em outras um soldado) que chega faminto à uma cidade, cujos habitantes lhe negam o pedido de comida. O estrangeiro se senta na praça principal, acende um fogo, enche sua panela de água e joga ali algumas pedras. Curioso, um habitante lhe pergunta o que está fazendo. “Uma sopa de pedra, hmmm, está ótima, mas com algumas batatas ficaria ainda melhor”, responde o estrangeiro. O curioso volta com algumas batatas, que vão direto pra panela. Outro habitante lhe faz a mesma pergunta, no que o estrangeiro responde que a sopa ainda não atingiu toda sua potência – assim a sopa ganha mais ingredientes à medida que a atenção dos habitantes aumenta. Uma vez pronta, as pedras são retiradas e todos tomam a sopa juntos. As pedras, aqui são um signo da fome mas também da partilha: a fome é aquilo comum a todos, compartilhar a sopa é também uma partilha da fome.

***

Matheus Rocha Pitta (Tiradentes, MG, 1980) procura afirmar um posicionamento crítico perante os mecanismos de troca que determinam as relações sociais, políticas e culturais explorando os paradoxos existentes. Não seguindo ramos formais do conhecimento, o artista cria um território de dissidência próprio. Nascido em Tiradentes, Brasil, Matheus Rocha Pitta trabalha com fotografia, escultura, vídeo e instalação. O artista ganhou o Illy Sustain Art Prize, Madrid (2008), tendo participado na 9th Taipei Biennial (2014) e na Bienal de São Paulo 2010). As suas exposições mais recentes incluem “Aos Vencedores as Batatas” (Kunsthalle Bethanien, Berlim, Alemanha, 2017), “Modos de Ver o Brasil” (Museu da Cidade | OCA, São Paulo Brasil), “Alimentário” (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 2014), “Collective Fictions” (Palais de Tokyo, Paris, 2013), entre outras. O seu trabalho está representado em várias colecçõess públicas como o MAM Rio, Brasil e o Castello di Rivoli, Turin, Itália.